No espelho não mais há
aquela moça formosa.
O que ela vê agora lá
é a face de uma idosa.
Espanta-se aquela que
olha
a ponto de assomar ao
olho bonito
grossa lágrima que
molha
o rosto que ela vê
aflito.
Como o tempo passou
tão depressa e tão
fortemente?
Onde a juventude ficou?
Diz ela num dorido
lamento.
A tristeza invade seu
peito,
nem consegue pensar
direito.
Não vê que o que
aconteceu
é que a juventude se
perdeu.
Entretanto, mais que
sofrer,
ela não consegue é
perceber
o que de mais
importante se deu:
se a mocidade
arrefeceu,
a plenitude surgiu.
Na madureza
também há beleza,
pois mais que a pele
enrugada
e a face que ficou
marcada,
vale o quanto aprendeu
de cada momento que
viveu.
Assim, devagarinho,
ela se olha de novo no
espelho.
Percebe que o que achou
velho
na verdade é o carinho
do tempo que marcou a
face.
Ele quis que cada linha
expressasse
o quanto os olhos já
sorriram.
E então a idosa
formosa,
já não se vê mais
como velha.
É apenas um ser
consciente
de que nada é
permanente.
E se a graça
da juventude passa,
a compensação é o
aprendizado.
Tanto aquele na alma
impregnado,
quanto o que ficou no
rosto marcado...
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