terça-feira, 22 de novembro de 2016

Barco e Mar

Ah, como eu queria ser barco,
para no mar deslizar.
Queria me sentir leve,
ser capaz de flutuar;
e quando chegasse no porto,
pudesse firmemente ancorar.
Mas, por não ter leme ou timão,
vivo só, à deriva,
com medo de soçobrar.

Ah, ó mar que está tão longe,
que se agita ao sabor do vento,
como és presente em meus sonhos,
quanto me acalma os tormentos!
Por isso cá estou a pedir, ó mar,
que sejas meu rumo, meu lar!

Às vezes, nos braços de Morfeu,
ouço tua voz docemente a murmurar:
_Posso ser guardião de teu sono,
te tomar nos braços ao acordar.
Navegaremos juntos pela vida,
em feliz harmonia, velas coloridas;
tu, o barco, eu, o mar…


terça-feira, 8 de novembro de 2016

Mulher

Uma parte quer ser donzela,
jogar as tranças pela janela,
à espera do príncipe encantado;
outra parte quer ser estrela,
ser sempre competente e bela,
toda noite o teatro lotado.
Ainda outra parte é sábia e serena,
sabe que a vida sempre vale a pena,
mesmo com os riscos impossíveis
de serem calculados;
também há a parte que é mulher,
e quer correr, dançar, chorar, amar, rir, viver,
construir o caminho a cada passo dado...
Cada parte é essencial,
todas compõem seu ser sem igual,
a mulher loucamente normal.
(Ou seria normalmente louca?)
Que cada um concorde ou discorde,
tudo é muito natural,
isso foi escrito por uma mulher,
afinal...

Artista australiana: Selina Fenech