sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Minha mãe voltou para casa


Minha mãe pediu e neguei,
por vezes sem conta argumentei
que ela não precisava sair,
que a casa dela era aquela ali.

Mas quem não sabia era eu
que ela já caminhava na mente
para a casa que tão somente
ela sabia onde era.

Acarinhei o quanto pude,
rezei com ela por noites e noites,
a mão dela na minha mão
e dos lábios de uma e outra,
o que saía era pura gratidão.
Ela: - Por tanta proteção recebida,
ao longo do seu caminho;
Eu: - Por ela ter me trazido à vida,
ter me entregue ao meu destino.

Não tenho a mínima pretensão
de outra coisa que não seja,
balsamizar meu coração,
dando vazão à dor que sinto.
Apesar do racional,
preciso permitir que o choro lave
meu coração partido.
Não há desespero ou inconformismo,
apenas a tristeza tão doída,
que sei que precisa ser sentida.

Ela foi liberta do corpo doente,
foi pra casa de sua mente,
a casa de todos nós:
aquela de onde viemos
e para onde voltaremos,
inevitavelmente sós.

(Minha mãe voltou para casa no dia 6 de agosto)

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