quinta-feira, 25 de junho de 2020

Perdão é poção

Vago, divago, oro e imploro,
deve haver algum santo,
ou um remédio eficaz
que me traga alguma paz…

Abro um livro, ao acaso,
e me salta aos olhos,
quase um grito,
o que vejo escrito:
- “Perdão!”

E, de imediato, já me ocorre
que “Perdão” é palavra forte,
como um chá difícil de tragar.
Pois tenho alguém a culpar
e sofro sem avistar um norte.

Sedento e faminto por solução,
tomo, devoro, até aspiro cada sentença,
a precisão é quase doença.
Ao final, o que sinto
vai além, muito além,
do frágil sentir do paladar,
ainda que possa a ele se associar
para ao menos despertar
os outros sentidos também.

A lição é clara, transparente,
até doce, benevolente:
tudo o que sinto,
tudo o que está em mim,
só cabe a mim mesmo resolver,
cuidar, desapegar, esquecer;
tenho que achar em algum cantinho,
senão fartura, ao menos um cadinho,
de energia para prosseguir,
de humildade para reconhecer
que ainda existo, mesmo abatido.

Cabe só a mim, com esforço ou não,
me dispor a mudar de opinião:
verdadeiramente compreender,
assimilar, em todo meu ser incorporar:

- Perdão não é mera palavra,
nem simples chá, é poção!
Ensinada pelo Alquimista Maior,
pode ser sentida docemente
ou no mais puro amargor.
Mas é, sempre, a única solução,
é só o que cura,
por ser sinônimo de Amor!