quarta-feira, 24 de junho de 2015

Decidir

Há tanto tempo me esforço,
choro, sofro, rio,
corro, durmo, como,
no afã de ser feliz.
E aí vem você e me diz
que tudo isso não é garantia
de que haverá o dia
em que reencontro minha alegria.
Desanimo, quase desespero,
amuo, choro e suspiro…

Mas depois de muito tempo,
consigo erguer os olhos e, à minha frente,
vejo a estrada que serpenteia.
Nem sei se ela é bonita ou feia,
mas vem a ideia à mente:
posso ver, posso ouvir e falar;
posso escolher
entre ficar ou caminhar,
entregar os pontos e desistir
ou admitir que posso desejar.

Decido que vale, mais um pouco,
me esforçar, chorar, sofrer,
rir, chorar, dormir, comer.
Não tenho nenhuma garantia,
mas quero perseguir a alegria.
Já não sei se serei feliz,
sigo só sendo aprendiz...

terça-feira, 16 de junho de 2015

Sempre mais...

Vem ver meus olhos no espelho,

vem ver a luz do vaga-lume.

Vem sentir um jeito novo

de, olhando o velho,

enxergar além do costume…

Vem, te convido a experimentar

o sabor de correr, de gritar,

de expor ou de esconder.

Vem, quero te mostrar meu riso,

minhas ideias, te dar avisos.

Mas também serei mistério,

curiosidade que a mente atiça.

Quero contigo voar

sobre as ondas do mar

e me encharcar de brisa.

Serás luz, terás paz,

estarei contigo a te ouvir,

cuidar e amar sempre mais,

sempre mais...


quarta-feira, 10 de junho de 2015

Constatação

Victoria Frances
Eu vim por muito insistir,
pedir, implorar,
até atormentar…
E cheguei sem que fosse querida,
desejada ou sequer notada.
Quis ser amada, cuidada,
mas não foi o que aconteceu,
não deu…
Depois de muito sofrer, aprendi:
estou aqui
e isso deve bastar.

Tive a oportunidade de me mostrar,
de existir, de amar.
E, então, hoje caminho
por mim, pra mim, comigo,
e quem quiser que me acompanhe.
Não sei onde vou chegar,
nem sei se estou perto do lugar
onde deveria estar…
Sei que estou aprendendo,
passo por passo, dia após dia.

Às vezes nem me enxergo,
não sei o que faço,
o olhar é vago, baço...
Em outras, me invade a alegria
e bato palmas, abro o riso,
danço, canto, perco o siso.

E assim vou seguindo pela vida,
na ânsia que ora se abre,
ora é contida,
de me certificar
de que não insisti em vão.
Troco os passos,
olho o horizonte,
bate forte o coração
e sigo em frente…
Não vejo outra solução!


Depois de muitos dias, eis-me aqui novamente. 
E você, que me lê, será que se sente assim, em algum momento?