terça-feira, 13 de maio de 2014

Pela janela

Auguste Chabaud
Na escuridão sobressai a luz da janela,
apenas uma, entre dezenas,
e ficas a imaginar se lá está ela,
aquela que pensas ser
a causa de tuas penas.
O coração aperta-se em teu peito,
é dor de há longo tempo.
Buscas, diuturnamente, por um jeito
de voltar a ser feliz,
ao menos por um momento.

E assim tua vida passa
- ou tu passas por ela? -
e nada fazes de concreto.
Teus talentos vivem numa cela,
não fazes render o que recebeste de graça.
Ó incauto, abre-te para o mundo,
deixa para trás o que não tem conserto!
Enquanto estás a mirar a janela iluminada,
de outras, escuras, tua ação é observada.
Que tal abrir mão da dor cultivada,
dar espaço para que a alegria,
um dia, faça em ti, morada?


quinta-feira, 8 de maio de 2014

Doce, forte, tudo...

Doce, doce, doce
seria teu sabor,
caso tu fosses
a fruta que cultivo 
com tanto amor.

Forte, forte, forte,
é forte o laço
que me une a ti,
sem ele não seria capaz
de, na luta, prosseguir.

Muito mais poderia dizer
para te convencer
de que és muito,
és tudo para mim.

És parte dessa criação,
aquele que me inspirou
esse singelo poema canção.

Doce, forte, tudo,
sigo a compor, a cantar.
A vida tem, sim, beleza:
eu a vejo em ti,
eu a vejo em todo lugar,
pois fiz a escolha de acreditar...




quinta-feira, 1 de maio de 2014

Pedido à dor

Muitas vezes estamos bem, incentivamos todos ao nosso redor e a nós mesmos a prosseguir, ir em frente, olhar tudo com olhos amorosos e otimistas. Em outras, nos damos conta de que também carregamos dores, que elas ainda nos pesam...
E então, penso, é a hora de reconhecer que temos de tudo em nós!
Que carregamos alegrias e tristezas, dúvidas e certezas, feiúras e belezas...
Há 3 dias me vieram à mente os pensamentos abaixo, então eu prossigo com meus "Recados Rimados".
Se alguém se sentir identificado...


Ah, dor, quero te pedir,
encarecidamente, um favor:
depois de saber que te vejo,
que te acolho, pôr curativo,
que tal sair por aí?
Oh, dor, por favor, me atende!
Eu te sinto e só desejo
que te libertes de mim,
pois não consigo viver assim.
Reconheço tua fortaleza
e que não podes me dar certeza
de que, entre nós, é o fim.
Mas, dor, faze um esforço,
há outros caminhos a seguir!
Não faltará lugar para ti,
sempre há e haverá o mal feito.
Photo by DANIEL MIHAILESCU
/AFP/Getty Images
Mas como te vejo e respeito,
estou a pedir-te com delicadeza.
Já me maltrataste bastante
e anseio por sentir paz,
por conseguir ver beleza
nas coisas simples da vida.
Por favor, dor, segue teu rumo,
me deixa achar meu prumo,
não aguento te carregar mais.
Cumpriste tua função 
e já posso te dizer agora
que a lição, dura embora,
garanto que foi aprendida...