terça-feira, 27 de novembro de 2012

Saber e Amor

Se há apenas o domínio da ciência,
se há falta de complacência,
como podem os problemas ser resolvidos,
como podem os homens ser amigos?
Pois te digo, camarada, por certo
é necessário o conhecimento.
Entretanto também é correto
só ele não ser o suficiente.
Nada se completa sem o amor,
nada flui ou se sustenta.
Só ele traz à tona o valor,
ele é o pão essencial que nos alimenta.
E se o saber é importante,
se não houver amor não vai adiante.
Tudo fica frio, distante,
não se liga, não se torna constante.
Assim, pensa que o amor é fundamental,
amor puro é belo, é conforto.
Se tens amor, sobrevives,
te sentes no cais, em seguro porto.
Tens sede de saber,
tens fome de amor?
Vai à fonte, busca aprender,
reconhece teu fogo interior,
saciar-te-á o sabor do Amor...

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Marcas do tempo


No espelho não mais há
aquela moça formosa.
O que ela vê agora lá
é a face de uma idosa.
Espanta-se aquela que olha
a ponto de assomar ao olho bonito
grossa lágrima que molha
o rosto que ela vê aflito.

Como o tempo passou
tão depressa e tão fortemente?
Onde a juventude ficou?
Diz ela num dorido lamento.
A tristeza invade seu peito,
nem consegue pensar direito.
Não vê que o que aconteceu
é que a juventude se perdeu.

Entretanto, mais que sofrer,
ela não consegue é perceber
o que de mais importante se deu:
se a mocidade arrefeceu,
a plenitude surgiu.
Na madureza
também há beleza,
pois mais que a pele enrugada
e a face que ficou marcada,
vale o quanto aprendeu
de cada momento que viveu.

Assim, devagarinho,
ela se olha de novo no espelho.
Percebe que o que achou velho
na verdade é o carinho
do tempo que marcou a face.
Ele quis que cada linha expressasse
o quanto os olhos já sorriram.

E então a idosa formosa,
já não se vê mais como velha.
É apenas um ser consciente
de que nada é permanente.
E se a graça
da juventude passa,
a compensação é o aprendizado.
Tanto aquele na alma impregnado,
quanto o que ficou no rosto marcado...



terça-feira, 13 de novembro de 2012

Aceitação

Todo e qualquer sofrimento
é oportunidade a ser aproveitada,
momento de verificar se a lição
foi apreendida tão bem quanto ensinada.
Faz parte da provação
a verdadeira aceitação.
Aceitar que o teste aplicado
já há muito havia sido combinado.
Lembrar que não há acaso ou sorte,
apenas a possibilidade de se mostrar forte
e vencer o desafio proposto.
Afinal, nada Deus faz por simples gosto,
mas sim por amor incondicional.
Quer Ele nos propiciar o sinal
de que só quer nos ver crescer.
Cabe a cada um decidir ser
cordato ou revoltado.
Em qualquer opção Deus terá ensinado
a melhor forma de se viver.
Pois se o cordato mostra aceitação
e o revoltado só diz não,
cada um terá diante de si
a escolha própria para evoluir...

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Prosseguir



Permite que te toque a alegria,
deixa ancorar em ti a paz.
Nada se faz em desarmonia,
não se caminha tranquilo
se só se olha para trás.
Ir em frente é se soltar de amarras,
despir-se do que te imobiliza.
E ainda que te sintas desprotegido,
tenha a fé em ti mesmo como norte.
Saiba no fundo da alma que és ouvido,
que teus valores te fazem forte.
Seja como o imponente navio,
que mesmo açoitado pela procela,
singra o mar e passa por ela,
quando o capitão maneja o leme com cuidado.
Segura firme o leme de teu barco,
para que chegues ao destino planejado.
Que a luz de Deus seja teu farol,
que a âncora da paz te faças firme,
inundado pela alegria do sol
e que ele te aqueça e sempre te anime
a prosseguir, viajar, aprender,
a sorrir, navegar, crescer...

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Compaixão ou conivência?


Qual a diferença existente
entre compaixão e conivência?
Como distinguir quando somente
o compadecimento preenche a existência?
Por que deixar-se permanecer
não significa necessariamente
a recusa em querer ver?
Quando se pode perceber
que algo é atinente a lição,
ainda que se aperte o coração?
E depois de tanta interrogação,
que não se espante o que lê,
já que não tenho resposta a tanto porquê.
Trago, sim, a esperança do aprendizado
quando se olha com amor para o lado
e não se espanta com o que se vê.
Penso que a confusão
entre conivência e compaixão 
só poderá ser elucidada,
na medida de entrega ao Onisciente.
Penso que cada um deve se alegrar
por estar na condição de enxergar
que em tudo há o que aprender,
que cada ínfimo momento de saber
compõe a sua jornada.
Penso, também, que ela será então, 
tanto mais abençoada,
quanto mais for vivenciada
com cuidado, consciência e alegria,
com fé, compaixão e harmonia...

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ser humilde

Humildade é conceito antigo,
teve seu tempo, está batido?
Ou será que é atual,
é ideia a ser vista como real?
Assim, por essas poucas questões
pode-se perceber ser a pegunta complexa.
Humildade deve ser ideia perene
e, além de ideia, também atitude.
Afinal de nada vale o discurso solene,
sem que internamente nada se mude.
Logo, mais que se ater a conceito,
vale a forma de agir com o semelhante.
Olhar com compaixão e carinho
a todo aquele que perde o instante
de demonstrar que aprendeu a lição.
Lembrar que a veste, rota ou fulgurante
é apenas indumentária do atual caminho.
Além, ainda, de ter atento o pensamento
para o real valor ao que se faz.
Distinguir que, em cada momento,
quem faz, faz o que pode, não faz mais.
Ser humilde é ser grande ou pequeno,
é deixar de agir, ou agir mesmo que sob o sereno,
aprender a diferença que existe
entre aquele que caminha e o que permanece.
Aprender a ser humilde é lição terrena...


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Pedido à estrela-guia

Estrela que guia e alumia
o caminho a ser percorrido,
mostra que ainda há fantasia
e que tudo carrega um sentido!
Estrela-guia da minha vida eu queria
que ficasses comigo a brilhar,
mostrasses que tudo o que me acontece
é lição a se aproveitar.
Tu és o que desejo e espero
que venha com sentimento sincero.
Meu coração já foi tão machucado,
anseia por ser curado.
Assim, faz que permaneça comigo a esperança
de que ainda haverá muita dança
e que posso contigo contar.
Sei que és minha amiga mais fiel
e que estará sempre a meu lado,
tanto na terra quanto no céu...

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Arco-íris e borboleta



As cores do arco-íris são a solução, 
pois trazem elas a cura 
de toda dolorosa emoção.
Compõem, juntas, uma única luz -
a branca- a real purificação.
E, se volteia ao redor do arco-íris 
uma borboleta irrequieta,
mostra no seu volteio que é afeta
à cor, à luz que inspira o poeta.
Difícil dissociar arco-íris de borboleta,
ambos provocam olhares admirados;
ambos trazem à lembrança
que, um dia, cada um foi uma criança
e deixou naquele tempo, abandonados,
seus desejos e alegria sonhados.
Que tal poder olhar e hoje reconhecer,
não deixar arrefecer,
o que é pelo arco-íris despertado;
relembrar o sonho, acreditar na renovação,
enxergar na colorida borboleta 
a ideia de bela transformação
e que tudo, ainda que temporário,
traz a tão desejada evolução?

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Equívoco?

Quem te vê  por aí acha que és sempre feliz,
com esse sorriso estampado no rosto.
Não sabe que, às vezes, é o oposto
do que estás por dentro a sentir.
Não sabe que o sorriso é disfarce
para a dor que te acompanha há tanto tempo,
não sabe que nessas horas, por teu gosto,
de teus lábios só sairia lamento.
Mas se te pões a sorrir não é falsidade,
é apenas uma forma que encontraste
para conseguir conviver com tua realidade.
Pois, de fato, na verdade,
não és mesmo todo o  tempo assim.
Sabes que também existe em ti
a alegria por simplesmente existir
e até em muitas vezes te esqueces
de que em ti existe o sofrer,
até consegues crer
que és passível de ter
o direito de feliz viver.
E assim levas tua vida,
ora sofrendo calada, a sorrir,
mostrando alegria mesmo ferida,
ora exibindo no sorriso
o que estás verdadeiramente a sentir.
Quem te vê por aí, então,
nem sabe que teu coração
alterna alegria e tristeza.
Por enxergar a aparência,
fica apenas com a certeza
de que és feliz todo o tempo...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Somos muitos, somos um

Expressam-se alguns com maestria
e conseguem transmitir com tranquilidade
o que imaginam, intuem, raciocinam.
Entretanto também há os que têm dificuldade
até de repetir o que bons mestres lhes ensinam.
É do ser humano essa variedade
e não há o totalmente certo ou tampouco o errado.
O que existe é a humana complexidade,
a beleza de sempre se ter ao lado,
outro ser ao mesmo tempo plural e singular.
Pois se somos muitos, também somos um,
a caminhar, tantas vezes para lugar nenhum,
vazios de esperança, cheios de decepção.
Levando, todos, entretanto, sem exceção,
o desejo tão humano, tão comum,
de sentir paz, amor e compreensão...

Um dia, um por-do-sol na Marginal...

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Alma e casca


Caros amigos,
Li  um livro, achei-o muito interessante. Ele expõe de variadas maneiras e enfoques, usando a riqueza da nossa língua, um pensamento que aceito, uma crença que tenho.
Além disso ele me fez lembrar de  um escrito de cinco anos atrás, que traz justamente os termos “alma e casca”.
Não tenho nenhuma procuração do autor, sequer o conheço, mas acredito que há obras que valem pelo que ensinam. E cada um aplica do modo que puder, souber...

O livro expõe a Psicoterapia Reencarnacionista, um tratamento psicológico que se diferencia da psicologia tradicional por colocar a reencarnação como seu elemento básico.
A psicologia tradicional lida com o início de cada vida na infância e o autor diz que isso é um equívoco. “Somos um Ser (espírito) retornando para a Terra, trazendo a nossa personalidade de encarnações passadas, independente dos fatores relativos à ‘casca’(...) para continuar a longa busca da purificação (...) e colocarmo-nos a serviço do nosso Mestre interno, que anseia pela limpeza dos pensamentos e dos sentimentos inferiores e negativos, e isso só pode ser feito aqui, no convívio com os gatilhos terrenos...”
E todo o livro traz essa visão, desenvolvida sob vários aspectos.
Fica a sugestão: “Psicoterapia Reencarnacionista – a Terapia da Reforma Íntima” (Mauro Kwitko)

Assim, mais uma vez, partilho nesse blog meus pensamentos. Com carinho!

Alma e casca

Nós somos alma e estamos casca.
Esta existe para aparentar,
aquela luta para se manifestar:
luta contra os grilhões do ego,
dos preconceitos, da aparência.
A alma é pura essência
e quer ser exposta, sentida, ouvida.
E vem mostrar sua força tamanha
vivenciando a experiência da rigidez humana.

Um dia, a pancada:
a casca alquebra-se, encolhe-se, verga,
grita: como, o que foi, por que tanta dor,
se eu sempre me achei só amor?!
E queda-se, infinitamente triste.
O tempo? Ah, o tempo a tudo assiste...
À alma lutando para a casca refazer,
falando  pela autopreservação,
mostrando que há solução,
que ela pode sobreviver.
Assiste à casca em sua luta insana,
imersa na condição humana.

A alma e a casca no tempo,
acabam por descobrir a maneira certeira:
a cola do tempo rejunta os cacos...
E então a casca já não é hermética,
nem é inquebrável a sina.
Existe agora a transparência da cola
por onde a alma pode brilhar,
pode se manifestar.
O tempo, sapiência divina..."

terça-feira, 19 de junho de 2012

Ela e a Festa



Ela aparece sempre, não importa a hora,
em seu rastro seguimos nós.
Todos desejosos de serem Ela,
ao menos de estarem na festa dEla.
Porém são poucos os convidados,
há que se demonstrar preparação.
Primeiro, é mostrar convite,
prova de que foi de fato chamado.
Em seguida, o autocuidado,
começando pelo traje apropriado.
Entretanto Ela é muito simples, 
não exige sofisticação.
Ainda que se use estopa,
não é a riqueza da roupa,
sua maior preocupação. 
Seu único desejo sincero
é que cada convidado leve
e use seu lado bom, sua melhor porção.
Isso sim garante a entrada,
a permanência e o desfrute
pelo tempo que Ela quiser,
a depender de cada um,
daquilo que na festa fizer.
Pois tudo o que Ela quer
é que não seja prêmio comparecer
ou castigo se da festa sair.
Cada ação, na verdade,
é feliz oportunidade,
para cada ser se desenvolver.
Ela, é claro, é a Vida,
sua festa, a Existência.
Os convidados somos nós, 
aprendendo sobre a impermanência...

terça-feira, 12 de junho de 2012

Homenagem ao Amor

É tão bom pensar, falar, sentir amor!
Amor doce, leve, sereno...
Amor de um para o outro, do outro para o um, 
amor pelo Um, amor por si só...
Que o dia seja pleno de amor para todos!
    

Ela para ele
Vem a brisa na manhã ensolarada
trazendo aroma de flor perfumada,
janela aberta, sente ela o sol na pele nua.
“ Me invade a alegria de ser tua!
É o dia tão radioso
que trouxe esse sentimento gostoso?
Ou ele já estava em mim
e despertou simplesmente assim?”
E tão envolta em calor e prazer,
já não lhe importa mais saber
se há motivo, causa ou porquê.
O que vale é a doçura que invade
e expulsa do peito a saudade.
“Depois de tanto tempo longe,
para mim uma eternidade,
tu chegaste, estás comigo,
brilhante, tão amigo!
E sinto a brisa leve e perfumada,
és sonho dourado e estou acordada...”

Ele para ela
Ele desenha na areia o nome dela
e é como se se abrisse uma janela
e entrasse o sol radioso.
Tudo brilha ao redor dos dois,
é tão grande a alegria sentida
que ele até se admira.
Afinal usar a areia como tela
foi homenagem singela
àquela que é luz de sua vida.
Assim o gesto tão amoroso,
tão gentil e carinhoso,
consegue torná-la mais bela.
E ele, assim como ela,
sorri simples ao olhar para a tela,
feita de areia com o nome dela...



terça-feira, 5 de junho de 2012


Algoz...?
Espreita na sombra o algoz
e prepara-se para o bote derradeiro.
Traz ele o olhar duro e feroz
por achar que é certo o que faz,
já que foi atacado primeiro.
Pensa que sua ação tem motivo justo,
foi por isso que planejou tanto.
Neste momento nada mais resta a fazer,
não há ninguém que o vai convencer
a deixar de se achar um justiceiro.
E ao pensar sobre essa história em particular,
será que se pode generalizar?
Haverá para esse ato punição?
Como saber a diferença, a medida
para distinguir castigo de reação?
Porque se hoje há algoz,
não houve antes outra condição?
Haverá resposta definitiva
para dirimir dúvida tão essencial?
Ficam as indagações,
que cada um reflita por si mesmo,
se e quando buscar por soluções...


terça-feira, 29 de maio de 2012

Borboleta



Se te invade a dor e a dúvida
e teu peito se aperta tanto;
se já sabes o resultado
por tantas vezes ter experimentado
o mesmo de sempre que te atormenta,
por que voltas e revisitas
tantas lembranças tristes e sombrias?
Será que procuras por pistas,
algo que vá te elucidar
o  porquê do que houve em tua vida,
sobre tudo o que te aconteceu?
Por que não pensas no passado
como algo que acabou, que morreu?
Ainda achas que poderia ter sido diferente,
que poderias ter feito algo ou não 
e que dependia de ti a solução?


Lamento te decepcionar,
não há meio de o tempo voltar.
E mesmo que eu saiba que isto tu sabes,
repito pois o que tu fazes,
é insano, é inexplicável,
o passado é mesmo irremediável.
Sim, por mais que seja clichê,
a verdade é que ele não volta.
Mas também é verdade que, se deixares,
um dia a dor de ti se solta
e te verás livre finalmente.
Então farás tão somente
o que te trará alegria. 

Terás surgido como borboleta,
linda, leve e colorida,
do casulo estreito e apertado
tecido por ti mesma no passado,
para desfrutar bela e plenamente a vida... 


terça-feira, 22 de maio de 2012

Paralelo



Vives o tempo todo a analisar,
buscando para tudo explicações.
Gostas de tudo esmiuçar
e te exasperas quando à tua frente vêm os senões.
Pensa no tempo que é mesmo paradoxal:
tu o sabes veloz quando vêm as alegrias,
nessas horas, dele quase nem sentes sinal.
Ao contrário, ele é lento,
chegando às vezes a ser terrivelmente modorrento,
quando fazes o que não te interessa.


Ao tempo já se teceram infindáveis elegias,
buscando nele a lentidão ou a pressa.
Percebes o paralelo que estou a traçar?
Não é o tempo ou as coisas que contêm as respostas,
é apenas o modo como tu sentes
o que fazes ou o que te acontece.
Pois para ti tenho uma proposta:
busca em tudo o amor imprimir
e ele será o carimbo factível
que mostrará a ti as soluções que pedes.
Se envolver com amor tudo o que percebes
serás capaz de ver todos os detalhes
de tudo o que vives a analisar,
de tudo o que te pões a esmiuçar.
E terás enfim toda a explicação possível,
aquela que passas pelo tempo a buscar...

sábado, 19 de maio de 2012

Tempo das cruzadas

Como está na apresentação deste blog, meu objetivo é compartilhar minhas reflexões, especialmente aquelas que vêm em versos e, se fizerem sentido para alguém, que possam ser aproveitadas.
Ontem à noite me vinha à cabeça um verso de uma que escrevi em 2010 "...o tempo das cruzadas já passou..."
Não conseguia me lembrar do resto, então procurei e hoje a localizei nos meus arquivos.
Para mim, foi muito forte e importante naquele momento!
E, como veio tão forte em minha mente ontem, me ocorreu que agora é a hora de divulgar ao "universo". E penso que o meu universo é você que me lê...


Se a dor te confrange o coração,
abre-te à possibilidade da consolação.
Tudo o que se quebra pode ser consertado,
mesmo que exiba a marca de colado.
Construíste ao teu redor uma armadura
com o fim de proteger uma alma tão pura,
mas tiveste que enxergar não ser ela suficiente
para te manter inatingível eternamente.
Mesmo armaduras de ferro devem ser despidas
e então revelam o conteúdo existente:
por vezes denso e forte,  por vezes delicado e frágil.

Hoje te sentes atingida no teu ponto mais sensível
e tens dificuldade em te entregar, admitir que sofres.
Permite a ti sentir, admite que o sentido
é a expressão do que te vai no coração:
nada existe que não possa ser curado,
nada existe que não possa ser consertado.
É necessário, entretanto, que seja admitido,
pois o que fica no interior, escondido,
não permite que possa ser sequer olhado.

Admite, primeiro, a ti mesma a dor que sentes,
permite que ela se manifeste em toda a sua plenitude,
mesmo que penses não ser capaz de aguentar,
ou pior, que a negues, dizendo a ti mesma
que não tens motivo para chorar.

És guerreira, filha, mas o tempo das cruzadas já passou,
já não tens mais armaduras de ferro a teu redor.
Não cries armaduras de dor, é pior!
Ao admitir que és frágil e que precisas de ajuda
vários passos terás caminhado em direção à cura.
Entretanto, cabe a ti começar a ti mesma ajudar,
dando o primeiro passo em direção
aos que querem te apoiar.

Talvez já tenhas começado, quando te permitiste chorar
somente ao ler a oração de uma mãe
como tu, por seus filhos a clamar.
Tu pegaste nas mãos deles para ensiná-los a caminhar,
agora que aprenderam, libere-os, solte-os
e fique com tuas mãos livres para as nossas segurar.
Tu és, para nós, a criança que está aprendendo a andar!
Isto é tão verdade que as lágrimas vêm a teus olhos assomar;
deixe-as cair, fluir, estão tua alma a lavar...



terça-feira, 15 de maio de 2012

Interessante como as ideias vêm... Às vezes são claras, outras nem tanto. O que ocorre a você, amigo(a), ao ler os versos abaixo? Que título você daria?


Traz ela na face fria
o olhar intenso, aflito.
Sua postura é fugidia,
nada nela é bonito.
O que procura a triste menina,
vagando por rua tão escura?
O que ou quem a fez deixar de ser pura,
de ser só criança,
quem destruiu sua esperança?
Também ela não sabe contar,
tudo de que se lembra é de chorar,
de dor, de horror...
E eu estendo meus braços,
desejo ver brilho em seus olhos baços,
ofereço proteção e amor.
Ainda não sei sua resposta,
espero, reitero minha proposta,
intenso calor me acomete.
Pois por um segundo vejo
passar em seus olhos o lampejo
do desejo de acreditar.
Meus braços continuam abertos,
e ainda que demore um século,
é esse lampejo que sustenta
o meu desejo de acreditar
que ainda há esperança,
que a menina triste possa voltar a confiar,
até quem sabe um dia me amar...


terça-feira, 8 de maio de 2012

Lição do Viajante



Amigos, 
ontem li uma parábola muito interessante e ela me inspirou a recontá-la como segue abaixo. Assim, compartilho a minha mais recente reflexão. Será que a história também faz sentido para vocês?

"Um viajante solitário segue pela estrada
e mentalmente pede ao céu proteção.
Entretanto a noite é chegada
e sente o andante grande aflição.
Até onde a vista alcança não há abrigo
e ele pensa (até revoltado) consigo,
que se não há onde se alojar,
o único remédio é buscar
refúgio sob uma árvore frondosa.
Mas uma tempestade fragorosa
deita ao chão o tronco apodrecido.
E assim, de decepção em decepção,
por não achar o descanso desejado
nos lugares procurados,
chega a manhã radiosa,
trazendo a verdade preciosa:
cada lugar cogitado
era armadilha perigosa.
A proteção a ele enviada
fora justamente tê-lo mantido acordado.
E ao saber de tamanha bênção,
apressa-se o homem a agradecer,
pois reconhece em cada prova passada,
o quanto tinha que aprender:
paciência, atenção e cuidado,
são necessários em cada minuto do viver.
As provas por que se passa
não são castigo ou abandono,
são meros testes para aferir
o quanto ainda é preciso evoluir.
E o que parece às vezes sem sentido
bem pode ser entendido
como presente embrulhado.
Ao se tirar o envoltório,
desfaz-se o ilusório
e a verdade aparece para o presenteado."



terça-feira, 1 de maio de 2012

Intervalo


Entressafras são necessárias
para o descanso do solo
e devem existir várias
para se obter boa produção.
A trégua é imprescindível
quando as baixas são tantas,
e enquanto se espera a reposição,
prosseguir na luta não é possível.
Abaixar a cabeça é sensato
quando a derrota é fato
e a única solução é a rendição.
Entressafra, trégua ou rendição,
ações para o mesmo objetivo:
aprender, cultivar, crescer,
respeitar, desenvolver, evoluir,
enxergar o real, descobrir
que a verdadeira humildade
é parte da consciência da felicidade...



terça-feira, 24 de abril de 2012

Navegar


Navegar pelos sentimentos
às vezes é doloroso tormento,
barco açoitado por furiosa tempestade,
capitão sem direito a esmorecimento.
Outras vezes é enfrentar calmaria
e ficar à deriva sem alento,
sem o sustento e a direção do vento.
Mas é também alegria e paz
quando de porto seguro se aproxima
e é certo que se vai encontrar
o ser amado a esperar.
Navegar pelos sentimentos é mais que içar uma vela;
é esquadrinhar a rota traçada,
é enfrentar eventual procela,
é se dispor ao verdadeiro discernimento
que vem do profundo autoconhecimento...

terça-feira, 17 de abril de 2012

Viajante no tempo...


És viajante no tempo
e tens bagagem tão farta!
Trilhaste caminhos diversos
e buscas um descanso no momento.
Sabes que de ti não se aparta
o saber em que já estiveste imerso
e hoje o que queres é um remanso
por tanta estrada já percorrida.
Advirto-te amigo, entretanto,
que o tempo é companheiro incansável
e tu, ainda que nem sempre saudável,
serás compelido a continuar.
Pois, a despeito do que já carregas
ainda podes acumular mais,
já que nessa estrada o que vale
é menos o que se tem
e muito mais o que se faz.
E se há muito a ver e fazer,
também há o que se deixou para trás.
Tudo integra o teu ser,
tudo se junta na busca da paz.
Assim, toma fôlego e te apressa
que o tempo é parte da peça
em que atuas como viajante audaz...




terça-feira, 10 de abril de 2012

Espia...


Espia por entre teus dedos,
vê que brilha a alegria!
Ainda que em teu peito haja medo,
espanta de ti a agonia
que te consome desde tão cedo.
Expulsa da mente a algaravia
dos confusos pensamentos,
permite a ti mesmo acreditar
que o sol permanece a brilhar
mesmo que nuvens se coloquem a sua frente.
Assim também deve pensar
todo aquele que usa as mãos para tapar
os olhos que anseiam por enxergar
a beleza da vida, a alegria
que existe no simples dia-a-dia...



domingo, 8 de abril de 2012

Mensagem de Páscoa


Hoje comemora-se a Páscoa
e em todos os lugares
fala-se de ressurreição...
Uns comemoram, outros lamentam,
a depender de cada imaginação.
Muitos, ao pensar no Amor ofertado
pelo Ser que hoje é lembrado,
custam a crer em tanta dedicação.
E o coração se enche de amor,
o desejo é de compartilhar!
Por outro lado há os que choram
e pensam que foi desperdício
tanta dor, tanto sacrifício.
Que cada um tenha sua convicção,
é o que fazes o que mais importa!
A despeito do que sentes,
age coerente com tua fé.
Que ela te leve sempre em frente,
que ela sempre te sustente
e te mantenha firme, em pé...                                  
















sábado, 10 de março de 2012

Rosas

De vez em quando vem um gostar diferente. Há algum tempo vieram as rosas... 
Hoje, na sintonia do amor:

"O importante é a luz da consciência,
a consciência amorosa
representada pela rosa. 
Se te dispões a ser cônscio
jamais serás como Pôncio,
lavando as mãos,
desistindo de decidir.
E se desejas a consciência,
estejas certa de que a persistência
é peça fundamental.
Sim, podes buscar o teu Graal
e no caminho fazeres versos ou trova.
Mas presente e primordial
é que sempre leves em tuas mãos,
na mente e no coração
a força, o amor e a beleza da rosa..." 

terça-feira, 6 de março de 2012

As respostas


No fundo sabes as respostas
a todas as perguntas que fazes.
E sempre que elencas propostas,
estás a mostrar que trazes
em ti todas as soluções.
Foste tu que estabeleceste as condições
de cada passo de teu caminho,
do que hoje chamas de destino.

É certo que não te recordas
e assim deve mesmo ser,
pois se te lembrasses não iria acontecer
do modo que precisas para crescer.
O livre arbítrio está em poder crer
em qualquer coisa que desejares.
O crescimento está em todos os lugares
e é nisso que reside a beleza de cada viver.

Pois o Ser Infinito que nos criou
em seu infinito amor nos legou
a possibilidade de escolher
qual o caminho a percorrer.
E talvez fique mais fácil acreditar
se libertares tua mente para pensar
que a evolução é o centro de um lindo jardim.


Não importa qual a alameda escolhida,
todas elas, como nossas vidas,
convergem para o mesmo lugar:
o centro, o cerne, o alvo,
o amor-perfeito a nos esperar!




domingo, 4 de março de 2012

Grilo Falante


Era uma vez um grilo falante saltador,
um grilo muito diferente, sim senhor!
pois além de saltar e saltar, sua natureza
era falante, veja só que beleza!
Ah, ele falava tanto, tanto
                       e isto por si só era seu encanto.
                       Pois mais que o que dizia o grilo falante,
                       era o fato de falar que causava espanto.
Afinal, por que um grilo falante?
Era o que perguntava toda e qualquer gente.
E o próprio grilo, falante, a cada um respondia:
"- Se me ouves, se me vês,
é porque me desejas,
porque estou em tua mente.
Se salto e falo, impertinente,
indo e voltando, intermitente,
é porque me queres assim.
                         Quanto mais tu te espantas e pensas em mim,
                         mais me torno forte e permanente."
Preciosa flor, te trago uma vez mais,
sob outras palavras, a ver se te satisfaz,
uma maneira de definir o meditar.
Assim como as libélulas-pensamento 
voam e pousam a todo momento,
também o grilo falante representa
a voz interna que em cada cabeça é sonante.
Sabê-las parte de ti é fundamental
pois só assim a mente pensante,
representada por libélulas-pensamento e grilos falantes,
estará em paz, se sentirá normal.
Afinal, as vozes mentais
precisam ser ouvidas
porque expressam o desejo essencial:
existo e quero ser,
sou o que sou e quero viver!